“Em qualquer governo minimamente democrático, os cidadãos opinam sobre o seu futuro e o de sua cidade. Aqui, não. Em governos cinzentos e obscuros, os interesses da maioria nem sempre são respeitados”. Assim o deputado estadual Pedro Bigardi se posicionou contrariamente ao modo como a Prefeitura de Jundiaí trata os assuntos relacionados a obras e desapropriações de imóveis no município.
A crítica ao modelo de governo adotado há anos pelo PSDB na cidade foi feita por meio de um artigo, publicado sábado (6) no jornal Bom Dia. Nele, Bigardi critica o desprezo do poder público local em relação à falta de diálogo com a população e cita como exemplo o temor de moradores da Vila Argos, que não querem deixar suas casas por conta de obras a serem realizadas pela administração municipal naquela região.
Leia, na íntegra, a opinião do deputado estadual Pedro Bigardi a respeito do assunto:
Vila Argos e o histórico desdém da Prefeitura
- por Pedro Bigardi*
Acompanho com interesse o debate sobre o futuro da Vila Argos, assunto este evidenciado pelo jornal Bom Dia há pouco tempo. O motivo está relacionado com as questões urbanísticas que envolvem o local - até porque a preservação ou revitalização de uma vila operária e de suas raízes históricas no município é algo que precisa ser considerado.
Um parque linear ao longo do Rio Guapeva, reconstituindo parte da mata ciliar, também é um fato relevante, especialmente em tempos ‘modernos’ onde as vegetações ciliares dão lugar aos gabiões (caixas de pedra), concretos e outras formas de canalização de rios. Se não bastassem estas questões citadas, há ainda um desejo pessoal de ver toda a área que envolve a Ponte Torta ganhando vida e beleza. É triste ver esta região onde passei minha vida com ares de abandono e desprezo por parte da Prefeitura de Jundiaí.
Mas o que mais me intriga nesta discussão sobre a Vila Argos é o fenômeno que ocorre em todas as ações da Prefeitura: os projetos são elaborados à margem dos interesses da própria comunidade, como se a indenização dos imóveis desapropriados fosse a única relação possível de ser estabelecida entre o poder público municipal e o cidadão. É muito pouco.
Em recente reunião com os moradores daquela região, a Prefeitura informou que apenas existem estudos sem qualquer definição do que será feito no local e, por consequência, quem será atingido pelas desapropriações.
Ora! Em qualquer governo minimamente democrático, os cidadãos opinam sobre o seu futuro e o de sua cidade. Aqui, não. Em governos cinzentos e obscuros, os interesses da maioria nem sempre são respeitados.
As pessoas têm o direito de participar da elaboração dos projetos ou, no mínimo, ter conhecimento deles para opinar contra ou a favor. Em uma recente entrevista, o prefeito disse que gostaria de uma cidade “com menos prédios e mais parques”. Todos nós queremos participar deste processo de elaboração, senão apenas os interesses de alguns falarão mais alto.
*Pedro Bigardi é engenheiro civil, professor de planejamento ambiental e deputado estadual
Um comentário:
Nasci e moro nas redondezas da Vila Argos. Não tenho conhecimento de sequer um dos meus vizinhos que saibam detalhes sobre o projeto que será executado ali. Falta de interesse? Aposto que não! A relação é puramente baseada nos valores indenizatórios.Em Português claro, "quanto vale a sua história"?. A minha eu não venderia por nada. Aposto que para os mais antigos moradores a questão é ainda mais delicada. Ainda mais quando eles não têm, sequer, o direito de opinar sobre o próprio futuro.
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