“Não vou participar deste jogo político de baixo nível”. Foi desta forma que o deputado estadual Pedro Bigardi resumiu a indignação com os ataques sofridos semana passada, durante sessão da Câmara Municipal de Jundiaí, por vereadores da base de apoio ao prefeito Miguel Haddad.
Nesta terça-feira (25), Bigardi esteve na Câmara por aproximadamente uma hora, apresentou documentos e apontou o PSDB local como principal responsável por tentar confundir a opinião pública em relação às denúncias contra o programa Segundo Tempo, do Ministério do Esporte. “A política é feita de debates e ideias, mas o que está se colocando aqui é a antecipação do embate político eleitoral. Não dá para fazer isso neste nível de jogo baixo, em que são feitas insinuações sobre minha pessoa sem qualquer tipo de indício concreto.”
Todos os vereadores que se manifestaram durante a participação do deputado Bigardi elogiaram a postura do parlamentar. “Deputado tornou público nesta Casa que não tem nenhuma relação com as denúncias veiculadas na imprensa. Tudo deve ser apurado, como defendeu Bigardi, e me dou por satisfeito por seus esclarecimentos. Senão posso perguntar aqui se o prefeito roubou o dinheiro do Segundo Tempo. Não estou acusando, apenas fazendo uma pergunta. Talvez tenha sido um exagero fazer essa associação, pois ficou na população um ar de que estão misturando as coisas. A dose foi demais na hora de fazer o embate político”, destacou Durval Orlato.
Para Marilena Negro, a atitude do PSDB de protocolar uma representação contra Bigardi é “bobinha”, pois não há base nenhuma que a justifique. “Algumas posturas desta Casa de Leis depõem contra todos. Não gostei da atitude de alguns pelas ilações feitas mas tinha certeza da sua reação e espero que a imprensa tenha a mesma postura, publicando o que estão vendo aqui. A representação feita pelos partidos de apoio ao prefeito não vai dar em nada pois é muito fraca, inconsistente e demonstra uma insegurança em relação às perspectivas políticas da cidade.”
José Dias afirmou acreditar na seriedade do deputado estadual. “Realmente as contas estão todas em ordem, conforme o senhor explicou muito bem. Acredito pelo trabalho, bastante dignidade e seriedade de Vossa Excelência, que teve toda a coragem de estar aqui nesta manhã.”
“Quero parabenizar o deputado pela hombridade de vir até a Casa e prestar esclarecimentos”, comentou Gustavo Martinelli, da bancada do PSDB.
O delegado Fernando Bardi também fez questão de se manifestar. “Parabenizar o deputado por ter vindo a esta Casa. Vivemos hoje uma crise do denuncismo. Qualquer denúncia é capaz de macular a imagem da pessoa sem que ela possa se defender. Aqui estamos atropelando o processo, julgando apenas pelas notícias da imprensa. O denunciante das ONGS já disse que não tem nenhuma prova contra o ministro Orlando Silva. Isso empobrece a discussão política do município quando o ataque se torna pessoal.”
O deputado também lembrou a estreita relação entre os representantes de partidos da base aliada ao prefeito que assinaram, juntamente com o PSDB, uma representação na Procuradoria Geral da República sob a alegação de que é necessária uma investigação nas contas do parlamentar do PCdoB. “O pedido feito pelos partidos aliados ao prefeito é esdrúxulo, pois não há qualquer base naquele documento assinado por pessoas que ocupam cargos de confiança do governo municipal.”
E reforçou: “Minhas contas foram aprovadas pelo Tribunal Regional Eleitoral e estão à disposição para quem quiser consultá-las, pois são públicas. Os repasses do Comitê Estadual são a coisa mais natural do mundo e estão todos identificados na origem, tanto que as contas do partido também foram aprovadas.”
Participação de Bigardi causa embaraço aos tucanos
A chegada do deputado estadual Pedro Bigardi à Câmara de Jundiaí causou um alvoroço na base de sustentação do prefeito Miguel Haddad. Assessores curiosos pelos corredores, pessoas ligadas ao governo municipal grudadas aos telefones celulares, vereadores buscando companheiros de bancada para voltar urgentemente ao Plenário...
Durante o posicionamento houve também aqueles que fizeram questão de atacar na semana passada, mas que se calaram diante de Bigardi na Mesa Diretora da Câmara.
Assim como na semana passada, quando tratou do assunto após os ataques do PSDB, Bigardi manteve a tranqüilidade. Ao ser provocado pelo vereador José Galvão Braga Campos, o Tico, líder do PSDB na Câmara, de que havia recebido repasse do partido e que há denúncias de uma revista e de um jornal – ambos de circulação nacional – sobre desvio de verba pública do Ministério do Esporte, o deputado contra-atacou.
“Coloca-se esta questão como uma dúvida e começa-se a fazer insinuações de que se tira dinheiro de crianças para financiar campanhas eleitorais. É uma ligação maldosa! O Segundo Tempo é um excelente programa que atende quase 500 mil crianças no Estado de São Paulo e mais de 6 mil crianças em Jundiaí.”
“Poderia, eu, dizer então que o fato do jornal O Globo ter feito uma reportagem sobre desvio de verba do Ministério do Turismo num projeto de mais de R$ 13 milhões para qualificação profissional criado por uma ONG de Jundiaí tem relação direta com a campanha do PSDB somente porque o responsável pela ONG é um filiado deste partido em Jundiaí? Segundo a reportagem, essa ONG já recebeu quase R$ 2 milhões sem ter qualquer experiência em programas relacionados ao turismo ou garantir a matrícula de um aluno sequer. Esta ONG foi criada por um filiado do PSDB de Jundiaí, apresentado com toda a pompa e circunstância pela direção local. Dá para fazer essa relação?”
“Eu posso dizer que a CPI do Rodoanel, que detectou superfaturamento nas obras do Governo do Estado, vai apontar que estes recursos vieram da empresa responsável pela construção por meio de doações para a campanha do PSDB? A construtora Galvão doou R$ 3 milhões ano passado para o Comitê Estadual do PSDB, que financiou as campanhas de deputados estaduais e federais em todo o Estado. Dá para fazer esse tipo de relação? Isso é insinuação política, é jogo eleitoral antecipado.”
Por fim, no corredor, um vereador da situação sentenciou o líder do PSDB na Casa. “Demos um tiro no pé”.
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